domingo, 26 de julho de 2009

Escolhas

por Ana Jorge

Chegou a hora de ser prática e inteligente nas minhas decisões emocionais e optar em escolher comportamentos sadios.

O primeiro passo é sair do papel de vítima e coitadinha, atribuindo a culpa naquilo que não tenho como agir.

Chegou o momento de ser forte e otimista diante das contrariedades da vida. De gostar de mim verdadeiramente, me sentir segura com a minha aparência, com o meu estilo, postura, idéias e padrões de comportamento.

Chegou a hora de dar um grito de independência e me livrar dos papeis que escolheram pra mim ate então e que não preciso necessariamente assumi-los. Afinal de contas, muitos deles não me cabem mais.

Chegou a hora de me libertar das velhas crenças e seguir o caminho escolhido pela grande maioria.

Chegou a hora de dar um basta nisso tudo. De dar menos importância nas escolhas dos outros e escolher um caminho que depois de muito aprendizado decidi trilhar.

Chegou a hora de ser eu mesma, livre.

Tenho mesmo do que reclamar?

Não vou esperar chegar alguém pra confirmar o que já posso ter certeza agora.

domingo, 19 de julho de 2009

Meus erros

por Ana Jorge

E que culpa tenho eu agora se mostrei antes de tudo minha face felina?
Sou mesmo impaciente, insegura e egoísta. Cometo erros e fico fora de controle. Mas se você não consegue dar uma chance pra ver tudo que há de bom em mim por conta disso, será que merece a Aninha?

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Roda Vida

por Ana Jorge

Não que quisesse jogar tudo fora, tem tanta coisa boa...
Mas acordei com vontade de repousar minha vida levada até aqui
E de começar um novo dia de outra maneira

Hoje já não me cabem os velhos costumes
As mesmas roupas e o estilo repetido de outrora
Hoje não me servem os mesmos livros
As mesmas viagens e os amigos de agora

Hoje não me sacia o mesmo doce
Tenho fome de algo novo mas com gosto de não sei o que
Hoje não quero pão com manteiga, leite e café
Tenho vontade de algo tão novo que não sei o que é

Roda vida, vida roda
Para no lado que ainda não vi
Roda vida, vida roda
Para no lado que ainda não vi

sábado, 11 de julho de 2009

Sonhos

Sonho em colecionar viagens e beijos apaixonados;
Sonho com a calma de uma tarde de verão em uma praia pouco habitada;
Sonho com o vaivém de uma rede amarela, numa casa na colina do alto de uma montanha;

Sonho com bem estar físico e mental;
Sonho com uma vida tranqüila, leitura enrolada num cobertor numa tarde fria;

Sonho com café fresco e bolo quente saído na hora;
Sonho com o latido do cachorro e o choro da criança;

Sonho com ar fresco na varanda e flores no campo;
Sonho com desejos compartilhados e amizade;
Sonho com pés entrelaçados
Sonho com um amor de verdade

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Foram-se os dentes de leite (continuação)....

Pedido feito e realizado. Acordei com 21 anos.


Agora a realidade é outra. A literatura não é mais a mesma. É tudo muito bom, mas bem diferente. Entre as coisas que mudaram, predominam os problemas.


Assuntos sérios, decisões importantes a serem tomadas, acertadas. Errar no certo, acertar no errado. Parece complicado.


Penso na velocidade do tempo e na dificuldade de lidar com ele. E com saudade e muita, lembro que foram-se os dentes de leite. Já nasceram os permanentes, um do ciso, vieram algumas cáries, dois canais, e mais recente uma bomba pra mim. Um dente fraco e uma jaqueta.


Gengiva mole, cai dente e morre.


Sai dentaduta!!!


E o tempo?


Não quero disperdiçá-lo.


Volto para a tela de Renoir e me vejo lá. Adulta e crescendo. Lentamente, mas bem viva.

Foram-se os dentes de leite

por Ana Jorge

"Assim como quatro, passam doze anos."


Algumas vezes me pego pensando no tempo. As reflexões que faço, são semelhantes a uma grande tela, onde encontro o ser humano pequeno diante da grandeza do mundo. Sua grandeza infinita parece não caber ali. E nossa existência encontra-se presente estrategicamente.


Você e Eu.


Miúdos, porém, visíveis.


E nos tornamos mais nítidos, a medida em que seguimos mais vivos.


Esquecemos a tela.


Pego um livro de literatura infantil, e juntos entraremos num conto de fantasias, sonhos, pensamentos, atitudes e verdades.


É a minha estória.


Me sinto orgulhosa e importante. Na escola as tias me adoram. Lance de super proteção, atenção, carinho, respeito e mesmo sendo criança acho isso muito importante. Vou guardar essas doces lembranças numa caixa bem grande dentro do meu coração, como um embrulho pra presente bem bonito, pra nunca mais me esquecer.


Um monte de gente fala que eu sou sapeca. Só porque fico brincando na rua descalça, sem blusa e sainha curta. Com certeza sei o que é ser bem criança.


Ontem na escola foi super legal. O Paulo Cesar do Jardim da Tia Naná, me deu um beijo na boca atrás do escorregador. Contei pra minha irmã Cristina e sabe o que ela falou?


_ Mãe, essa menina é precoce!


Sei lá o que é precoce, só sei que na escola é legal.


Atrás do tanque de areia são realizadas as corridas em dupla. Como existe criança sem graça! A Patricia nunca corre com o Renato só porque ele é feio. Eu não quero nem saber, corro com ele mesmo, coitado! Ah, nesse dia levei Dan top de lanche, mas tive que comer escondida na cozinha. Também se não trago alguma coisa diferente, é sempre pão com maionese. Problemas de cardápio escolar, que crianças, lógico, não podem interferir.


No feriado passado fizemos uma excursão com a escola. Logo na primeira noite fiz um xixizão na cama, e bem na calça nova de lã azul marinho que a minha mãe comprou na Rua José Paulino.


Sou criança, mas penso sério. E acho que os adultos desconhecem essa verdade. E mais, não sabem tudo o que percebo e sinto. Vou falar bem rápido, respirar fundo, pra não me dar vontade de chorar.


Alguns adultos tratam a gente com indiferença. Percebo pela expressão nos seus olhos, quando interrompem uma conversa "importante" pra nos dar um pouco de atenção.


Não pensem vocês que fico muito triste por conta disso. Eu brinco, dou risada e sou uma criança muito feliz! Mas as minhas duas irmãs mais velhas fizeram uma coisa ontem que eu não gostei. Estava sentada na privada do banheiro, quando comecei a ouvir uma baita gritaria. E em seguida aparece correndo a Lia Mara com o dedo cheio de sangue porque a Célia tinha arrancado um pedaço com a unha.


Nossa, era um sangue tão cor de vinho...


Agora já tenho seis anos e estou namorando o Alexandre de verdade. Nossos pais sabem de tudo e nada é feito escondido. No dia dos namorados foi muito bacana, ganhei uma correntinha com o Zé Carioca pendurado e minha mãe comprou um revólver de brinquedo pra eu dar de presente. Ele deve ter gostado....


As minhas irmãs são umas pentelhas. Ficam rindo de mim só porque já fiz janelinha.


Por isso e por outras coisas, antes de dormir pedi pro Papai do Céu pra que eu sonhe com uma linda fada. Se ela aparecer nos meus sonhos, vou fazer um pedido: quero acordar adulto de verdade.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Uma tarde qualquer na Av. Paulista

por Ana Jorge

Estava deprimida.

Peguei o Lapa H na avenida Sumaré e fui embora. Sentei ao lado da janela e ia observando o que passava por mim. Os carros, as buzinas, os abraços e sorrisos...
Definitivamente não me sentia bem. Ainda estava no ônibus percorrendo a Paulista quando resolvi descer no Masp. Queria ficar ali um bom tempo sem ser incomodada.
Sentei num banco em frente ao jardim e apreciava a paisagem. Sólida, não incomodava.
Por um momento de lucidez, resolvi sair de lá com medo de ser assaltada.
Andei bastante. Era um dia de semana qualquer. As pessoas andavam rapidamente com seus envelopes embaixo do braço, mulheres apressadas de salto, tumulto, muito tumulto. Era um dia normal aqui na cidade, cinza e cheio de carro.
Mais assombrado era o que existia dentro de mim.
Já não estava satisfeita ali, queria ir embora, mas não pra minha casa. A sensação que tinha é que meu mundo ia se fechando a cada segundo e que em pouco tempo não teria saída pra mim.
Ai que dificil! Não conseguia me entender, me aceitar.
E ao final do passeio rabisquei umas simples palavras: "Tenho que gostar de mim pelo que vejo em mim mesma. E não me odiar pelos outros não terem visto o que tenho de mais lindo: Eu mesma!"
A partir desse dia decidi não me perder mais de mim e voltei pro aconchego de casa.



Mamis

Ana Lúcia,

Eu não preciso dizer o quanto eu te amo.
Espero que você consiga realizar na vida todos os seus desejos, que você sempre seja uma menina humilde.
Ana, quero muito que você saiba que você é a criatura mais importante da minha vida e espero que você venha me dar muitas alegrias.
Ana, a razão da minha vida, são as filhas maravilhosas que eu tenho.
Banana, quando as páginas deste diário estiverem bem amareladas, eu quero que você nunca se esqueça desta que sempre vai te amar muito.

Um beijão,

Iracema (Mamãe)

Escrito em 16/12/81

Sempre Romântica

Nos seus olhos procuro a canção para soltar o que tenho preso no coração.
Nos seus olhos está meu destino, que por toda minha vida esteve perdido.
Nos seus olhos esqueço a solidão a qual foi minha companheira até então.
Nos seus olhos me faço sentir que a felicidade completa está por vir.
Nos seus olhos quero crer, que o amor durará como tem de ser.

Escrito aos 11 anos de idade.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Secret Box

por Ana Jorge

Hoje eu rasguei tudo! As cartas que não foram enviadas, páginas de diário, cartões de Natal do passado, os de aniversário e todas as cartas de amor. Pra que guardar tudo isso num bau fechado?
Será que é medo de não perder todo sentimento que já existiu? As amizades que ficaram pra trás e os amores que não voltam jamais? E agora, onde vou buscar o registro da história?
Ah!!! E se o coração transbordar, a cabeça falhar e tudo isso me faltar? Onde mais posso buscar?
Joguei fora cartas com 25 anos, cartão de Dia dos Pais, Mães, boletim, agenda de telefone, todas as agendas guardadas até então, Santinho de Comunhão, recado de mesa, correio elegante..... Para!!!!
Agora que comecei, ja rasgo as cartas dobradas, sem ler. O que posso encontrar que ainda não sei?
"Pequenina", "Te amo", "Broto Bolo", "Não importa que você não gosta", "Pra sempre", "A amizade exite", "Incrível" e tantas outras coisas legais.
Tudo isso é meu!!!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Passado

Antigo...
Fecho os olhos e vejo sua imagem bonita, semelhante a uma fotografia velha já amarelada.
Me toca, me toca, me toca.
Lá passei grande parte da minha vida.
Acordava bem cedo para ajudar mamãe a ensaboar no tanque. Quando a charrete passava na vila, sempre pegava carona para escola. E as crianças... Como me vem à lembrança! Comiam todas num caramanchão de palha. Seu Chico! Nossa, como gostava dele!
As imagens passam pela minha mente desordenadamente e sem seqüência cronológica dos fatos.
É assim quando revivemos o passado, por mais simples que seja.
Meu passado é bonito.
Para senti-lo respiro fundo, fecho os olhos e o vejo....
Sinto-o dentro do meu peito, do meu corpo, nas lembranças e nas lágrimas de saudade que correm pelo meu rosto.
Ai, minha Roma querida!

Escrito em 03/05/91

domingo, 5 de julho de 2009

Dois amores em 2002

Passei o dia todo aqui em casa com uma amiga jogando conversa fora. Reclamei bastante do Ulysses, não entendia seu comportamento distante e o porque das coisas não terem dado certo entre a gente, exatamente no momento em que ele voltava ao Brasil. Parecia o momento ideal para colocar em prática o sonho do vestido de noiva, buquê, bem casado, Paris, barriga e mamadeira.
Recebi dois convites diferentes naquela noite de sábado: uma festa em Juquehy e cinema com outra amiga. Estava triste, indisposta e aceitei o terceiro convite, um jantar intimista com um casal e um amigo deles, Francisco, que namorava há três anos uma garota que vivia há um nos Estados Unidos. Aceitei o convite porque senti que não tinha armação nenhuma, um programa completamente despretensioso.

Chegando ao restaurante fomos rapidamente apresentados e me senti completamente a vontade com a escolha, o ambiente e a companhia.

A noite foi muito divertida, falamos bobagens, contamos piadas e claro, tanto saquê que acabei embreagada.

Sei exatamente o que aconteceu. Sabe aqueles momentos especiais e marcantes que a vida nos convida de vez em quando? Noite adentro, malícia, intenção e vontade.

Ele percebeu que eu não estava tão legal e ofereceu uma carona que não tive dúvida em aceitar.

Entramos no carro e rapidamente nos beijamos, e quando me dei conta já estavámos rolando entre beijos ardentes na escada do quarto de um motel, antes mesmo de chegarmos à cama.

Meu lado conservador não aceitava estar ali. E tudo o mais que existia em mim implorava pra eu não sair de lá.

Pele, desejo, sentido e vontade.

Aquela noite serviu pra dar início a uma nova paixão, mas também para descobrir que o Ulysses não era assim tão importante. A partir desse dia, não tive mais vontade de vê-lo, tê-lo e senti-lo.

Quanto a Francisco, não pude evitar. Fiquei com esse homem rondando minha mente por um bom tempo.

Começou aqui uma paixão desenfreada.